As empresas familiares apresentam grande oportunidade no que tange a projetos de implantação de Governança Corporativa e de Conselho Consultivo, com mercado crescente no período pós crise e visando a perenidade de negócios que ja vinham estagnados e quase quebraram durante a crise.
Meu objetivo neste artigo é compartilhar algumas reflexões sobre nossa atuação neste tipo de projeto, como Conselheiro Consultivo, para construção de modelos mais eficazes que possam contribuir com um segmento tão relevante para a retomada da economia.
Ao iniciar um projeto de Governança Corporativa em empresas familiares, além da necessidade de estabelecer uma relação sólida de confiança com os membros da família, a atuação do Conselheiro exige atenção para a necessidade de entender o contexto da empresa, no que tange às dimensões da família e do patrimônio, como entidades interdependentes.
Em paralelo, a necessidade de entendimento da história da família e da empresa, além das expectativas da família com relação a empresa e ao patrimônio, exige uma escuta muito acurada por parte do Conselheiro e em alguns casos até suportada por outros profissionais, que o ajudem a interpretar os conflitos e o “não dito” e a criar acordos que realmente mobilizem para as mudanças necessárias.
Adicionalmente a estes fatores, grande parte das empresas familiares brasileiras ainda não evoluíram no tema da profissionalização da gestão e acabam não tendo os pré-requisitos necessários para boas práticas de Governança Corporativa. A falta de orientação quanto ao ponto de partida para abordar um tema de tamanha complexidade e importância no mercado atual também aparecem como fator relevante.
Nesse cenário, me aproprio do termo de Governança Integral para propor uma solução, cujo escopo mais abrangente, parte de uma consultoria prévia com objetivo de profissionalização da gestão, considerando a construção de estruturas, processos e sistemas base, sem os quais não seria possível a implantação de um Conselho Consultivo.
De forma prática, o trabalho de Governança Corporativa em empresas familiares deve partir de um diagnóstico profundo do estágio da família, da empresa e dos atributos básicos da boa Governança. A partir daí, considerando as prioridades alinhadas, o trabalho é colaborativo com família e empresa e visa, num primeiro estágio, separar as dimensões “família” e “empresa” e construir sistemas básicos para posterior atuação com objetivo de consolidação e perenidade do negócio.
Uma vez profissionalizada a gestão da empresa, o papel do Conselheiro Consultivo de empresas familiares deve ser desafiar a família e o CEO a avaliar continuamente suas capacidades, poder de atração, retenção e competição, além de buscar evolução de resultados em linha com o propósito da empresa e alinhar a visão de futuro do negócio.
Autora: Luciene Dias