Fazer previsões econômicas, especialmente para o contexto brasileiro e, no longo prazo, é uma atividade quase que suicida para qualquer economista. Entretanto, parece haver consenso quanto à uma certa retomada global e local.

A forma e velocidade desta recuperação deve se dar de forma bastante diversa, a depender do segmento e das inúmeras incertezas que ainda rodeiam o ambiente de negócios, quer seja do ponto de vista Político, Fiscal, Monetário ou Regulatório. 

Ainda que neste âmbito de muitas dúvidas, podemos arriscar alguns cenários: Otimista com aprovações de reformas estruturantes (Administrativa, Tributária e Política), agenda de privatizações e uma oferta de crédito; Pessimista se nada acontecer no curto prazo com as reformas e houver a adoção de uma Política Econômica Populista, impactando a capacidade de solvência do Estado no tempo e; Provável, como um ̈caminho do meio¨, sempre assegurando a costumeira Política Monetária para controle da Inflação. Mesmo assim, é possível arriscar numa retomada em níveis que podem orbitar ao redor dos 3% e, não é difícil imaginar os desafios que o crescimento traz: Falta de Mão de Obra qualificada, Infraestrutura Logística, Crise de Energia, Custo Tributário, Capacidade de Consumo das famílias e, ainda, o custo dos insumos já pressionados neste período de pandemia.

A falta de capacidade na visão estratégica e de articulação por parte do Governo, que aqui não caberia uma discussão minimamente razoável, tem demandado por parte das empresas e indivíduos o famoso: “Se vira nos 30”! É possível verificar que muitas organizações têm sobrevivido, apesar do Governo ! Entretanto, o indivíduo, como elo mais frágil desta ̈cadeia alimentar ̈, necessita das instituições privadas ou não, para uma melhor capacitação e (re)inserção como membro fomentador do ciclo econômico. 

Então, vem uma pergunta que não quer calar: Por onde começar?! Certa vez, de uma platéia de altos executivos surgiu a seguinte pergunta: O que falta para o Brasil?

Historicamente, o país tem enfrentado diversas crises, mas, estes altos e baixos geraram uma certa acomodação e a cultura do ̈Isto também vai passar!̈. 

Mas, quais são as lições aprendidas? Em um ambiente de Open alguma coisa, ainda devemos nos apoiar no protagonismo individual?! 

Alguns defendem a questão cultural e, portanto, muito apoiada na educação como pilar de uma transformação mais efetiva. Outros na inserção de conceitos como o ESG nos parâmetros empresariais e a assunção do protagonismo pelas empresas para mudança. Mas, como resolver o problema do meu vizinho desempregado, sem a capacitação necessária para sua reinserção no mercado de trabalho? 

Será que na agenda dos empresários, cabe o social quando ainda estão preocupados com sua rentabilidade no curto prazo?!

Talvez, o nosso papel, enquanto conselheiros e formadores de opinião, seja de conscientizar o empreendedor e governo para uma visão mais ampla de uma sociedade mais sustentável a longo prazo, incorporando a educação e o fortalecimento do seu tecido social em primeiro lugar. E, a partir daí, promover redes de colaboração, além de maior participação nos valores básicos de uma boa governança: Transparência, Ética, Equidade, Responsabilidade e Prestação de Contas.

O que aprendemos, se é que aprendemos, como esta pandemia? 

Que apesar dos desafios no curto prazo, há que se moldar o futuro dentro de uma visão mais ampla e global?! 

Que os valores fundamentais tornam-se mais relevantes diante da velocidade que a tecnologia nos impõem?! 

Que devemos desenvolver um olhar mais estratégico para a educação?! 

Que a inserção social, qualquer que seja a bandeira, traz mais benefícios para o todo?!

Que possamos continuar a exercitar o pensamento crítico e nos apoiar na diversidade e sabedoria que emerge do coletivo para refinar nossas escolhas! 

Neste ponto, parece óbvio afirmar que a pauta empresarial pós pandemia deveria focar ou reforçar ações para a busca de posições mais resilientes, na diversidade, na educação como objetivo corporativo, na governança mais integral e, com isso, aprender a gerir as consequências ou impactos na sociedade, numa visão mais holística e a longo prazo.

Adote um conselheiro independente, ou mais e, promova o desenvolvimento e uso do saber coletivo em prol de um ambiente de relações mais saudáveis ! Isto já será um bom começo!

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Autor:

Cesar Enoki, MSc. Executivo de Operações, Conselheiro Consultivo Certificado, Membro do Comitê de Estratégia e Marketing da ABC³