Dando continuidade ao artigo “Projeto de Implantação de Governança Corporativa: como começar?”, disponível no LinkedIn, este texto tem o objetivo de abordar a importância do diagnóstico, enquanto Conselheiros Consultivos e agentes de implantação de Governança Corporativa, na estruturação inicial do projeto.

Após identificada a resposta ao acrônimo MED (Maturidade, Expectativas e Dores), abordada no antigo anterior, um novo estágio dever ser atingido: o diagnóstico.

O diagnóstico servirá de base para a estruturação inicial do projeto de implantação de Governança Corporativa, a ser apresentado às empresas demandantes, sob orientação do Conselheiro Consultivo e considerando três diferentes dimensões, especialmente no ambiente das empresas familiares.

Agradeço a contribuição de Luciene Dias em nossas discussões sobre a importância do diagnóstico a fim de proporcionar mais transparência à empresa demandante, e à @CELINT pelo conteúdo abordado em minha formação como Conselheiro Consultivo Certificado, por meio do programa ConCertif@N1.

Dimensão 1: O Patrimônio

Nessa dimensão, o Conselheiro Consultivo precisa compreender como está alocado o patrimônio da empresa demandante, além da composição do contrato social.

Apesar de existir diversos indicadores financeiros, para análises específicas, o entendimento da alocação do patrimônio proporcionará ao Conselheiro Consultivo uma visão rápida sobre a distribuição dos ativos e passivos, a relação jurídica da sociedade e a proporcionalidade entre os sócios, quando houver mais de um.

Conhecer as diferentes tipologias entre empresas de um único sócio, empresas familiares, multifamiliares ou multissocietárias, com participação de fundos de investimento, ou não, auxiliará o Conselheiro Consultivo a definir diferentes abordagens a serem consideradas no diagnóstico.

Dimensão 2: A Empresa

Nessa dimensão, o Conselheiro Consultivo precisa entender os aspectos do negócio em si que abordam questões operacionais, comerciais e financeiras.

Compreender o que a empresa demandante faz, como faz, como vende e a quanto vende dará uma visão preliminar do negócio.

Após a compreensão da visão preliminar é necessário aprofundar questões mais detalhadas com relação ao segmento, ao mercado consumidor, aos concorrentes, aos produtos/serviços substitutos, às regulações e às tendências e inovações. Com isso será possível iniciar a construção de uma visão sobre os pontos fortes e fracos da empresa demandante (análise interna), adicionado as oportunidades e ameaças do mercado (análise externa), ferramenta amplamente conhecida como análise SWOT.

Por afim, a título da construção do diagnóstico, deverão ser abordadas questões relativas à estratégia do negócio, a fim de conhecer a definição do posicionamento da empresa demandante e dos seus objetivos de médio e longo prazo.

Dimensão 3: A Família

Talvez esta seja a dimensão mais importante, considerando as empresas familiares de capital fechado. Caberá ao Conselheiro Consultivo identificar qual é a relação da família com o negócio da empresa demandante.

Em qual geração a família está? Qual o programa de sucessão que a empresa utiliza ou pretende utilizar? A empresa possui formalizado o acordo de sócios? A empresa possui formalizado o protocolo familiar? A empresa possui conselho de família? Há alguma preocupação em considerar os herdeiros que não participam do negócio?

A quantidade de perguntas se justifica pela importância que essa dimensão representa. Na 4ª edição do ABC³ Conecta, foi comentado pelos palestrantes que 60% do PIB brasileiro está alocado em empresas familiares, 30% das empesas familiares sobrevivem na segunda geração e apenas 15% sobrevivem na terceira.

A depender do momento em que a empresa demandante se encontra, ao identificar a necessidade de avançar com o tema por meio das perguntas realizadas, o Conselheiro Consultivo, caso não possua formação específica, necessitará apoiar-se no parecer de profissionais das áreas tributária, jurídica e psicológica, com a finalidade de esclarecer aspectos técnicos e enriquecer o debate para contribuir com o processo decisório.

Por fim, após consideradas as três dimensões apresentadas, o Conselheiro Consultivo necessita compreender como a cultura organizacional da empresa demandante absorveria a estruturação inicial de um projeto de implantação de Governança Corporativa.

A cultura organizacional, em seu sentido antropológico, é composta por práticas, símbolos, hábitos, comportamentos, valores éticos e morais, além de princípios, crenças, cerimônias, políticas internas e externas, sistemas, jargão e clima organizacional.

A cultura possui a capacidade de influenciar todos os membros da organização com diretrizes e premissas, formais ou informais, a fim de guiar seus comportamentos e mentalidades.

Compreende-se, portanto, que a implantação do projeto precisa se encaixar, no sentido de ser absorvido naturalmente dentro da cultura organizacional da empresa demandante, para maximizar o sucesso na execução, adicionado aos esforços dos Sócios, Executivos e Conselheiros Consultivos.

Autor:

Rodrigo Montanari da Cunha é Administrador de Empresas e Mestre em Engenharia de Produção, Conselheiro Consultivo Certificado ConCertif@N1 e Consultor Empresarial Certificado ABRACEM, Membro do Conselho da ABC³ como Diretor e Secretário, Facilitador do Comitê de Educação e Conteúdo e do Comitê de Pessoas e Performance.