O que posso trazer de novo sobre o tema que mais gera sucumbência de empresas e marcas com o passar dos anos? Talvez a simplicidade dos dados e fatos seja uma opção.
Empresas familiares são núcleos empresariais cujo empreendedor ou empresário e muitos dos seus pares de trabalho pertencem a uma família. Geralmente, a primeira geração empreende e espera-se que tudo esteja correto na divisão de bens diante o afastamento inerente por motivos de idade, doença ou morte.
Saber que uma empresa familiar possui uma doença natural e tomar as devidas precauções é o verdadeiro “prevenir para remediar”.
Este processo preventivo se trata da profissionalização, que, trocando em miúdos, é ter líderes corretos nos vários níveis da organização, movendo a empresa para a longevidade, mas será que existem profissionais na própria empresa ou devem vir os de fora para atuar? Costumo dizer que: “Pode ser que um único músico muito talentoso e criativo tenha sucesso, mas uma empresa não é um ato solo e com um líder sozinho desprovido de uma estrutura de governança, vai impedir a evolução para a banda se transformar em Orquestra Sinfônica, essa com um CEO e um Conselho prontos para tocar as mais diferentes sinfonias”.
Entretanto, para a maioria das empresas familiares, profissionalizar pode ser um pesadelo! A ideia de trazer um CEO externo possui uma grande barreira cultural e emocional. Para combater esses temores, o importante é a confiança conquistada ao longo de uma maturidade em compreender as diferentes fases de um negócio. Reitero a percepção comum no mercado: “É completamente distinto ser um CEO externo em uma empresa familiar quando comparado a uma não familiar”. O que realmente importa é que a família confie neste profissional e aprenda sobre esse fato novo sem traumas.
Outro fator determinante é admitir a necessidade da mudança, não é simples para um fundador fazê-lo, pois fica a sensação que trazer alguém externo é assumir que eles não estarão ali para gerenciar a empresa indefinidamente. A verdade dói mesmo para grandes empresários.
O fato de que muitas empresas familiares não resistem ao teste do tempo é um bom argumento de sensibilização. Historicamente, aproximadamente 70% não resistem antes mesmo da segunda geração pegar o bastão. Fracassam por diferentes razões, mas normalmente pela falta de profissionalização, o que inclui a implementação da Governança Corporativa.
Um estudo bem feito para mais dados de leitura que indico é o “Next Generation Family Business 2019: Sucessão e governança em empresas familiares”, da Delloite.
O que então uma empresa familiar deve fazer antes de iniciar a profissionalização?
O Diretor Acadêmico da “Wendel International Center for Family Enterprises” – Morten Bennedsen em vários textos e artigos cita dicas de “Porquê, quando e como” profissionalizar. E penso que devemos refletir sobre o que nos apresenta em forma de um check list:
DIAGNOSTIQUE RÁPIDO OS PORQUÊS:
- O risco da perda do fundador pode causar um impacto catastrófico na família e na empresa?
- Falta atratividade para TOP TALENTS, tanto da família quanto externos?
Na sucessão os herdeiros podem abandonar o comando da empresa?
EXAMINE QUANDO AGIR:
- O negócio está sob ameaças ou diante oportunidades?
- Há oportunidades como novos negócios, disrupção tecnológica e mercados atraídos pelo Business Core?
- As ameaças como problemas financeiros e conflitos internos vulnerabilizam a empresa?
DETALHE-O COMO CONDUZIR:
A empresa familiar segue um plano rumo à profissionalização?
- Desenvolve uma estratégia de longo prazo, ágil e resiliente baseada nos ativos mais fortes da família?
- Há um Sistema de Governança Corporativa Robusto para incentivar e atrair membros externos para o Conselho?
- Fica claro que as empresas familiares têm que começar muito cedo a pensar na sua estratégia de profissionalização, aproveitando os períodos sem turbulência. O que mais se observa é a decisão tardia, o que geralmente pode comprometer o futuro dela.
E a partir da avaliação inicial encontre, integre e incentive os talentos corretos que já estejam na empresa. Descreva os benefícios de se trabalhar com uma empresa familiar profissionalizada, a liberdade quanto a reportes dos trimestrais, a independência na tomada de decisão, o peso da marca, e lógico, o pacote econômico. Esse planejamento e definições estruturam uma jornada evolutiva e próspera.
Também é importante contar com alguma ajuda externa para estas mudanças, trazendo experiência para a empresa e permitindo que o fundador siga tocando as atividades do dia a dia enquanto se estabelece este processo.
E daí vem as oportunidades para profissionais de mercado
As empresas familiares são a base do mercado global. Com as novas gerações considerando desistir de seguir nas empresas familiares, talvez seja o momento para essas empresas considerarem a profissionalização e para líderes empreendedores e empáticos se juntarem a estas empresas.
Enfim, diante uma evolução natural ou em mudanças demográficas, pandemias, disrupção digital e crises econômicas “a única maneira de convencer a próxima geração e prover uma empresa em um mundo de negócios que tem tantas novas demandas é profissionalizando”, concluo meu pensamento sobre o tema.
Você já pensou em começar o processo de profissionalização em sua empresa? Saiba mais sobre o assunto e contate a www.abc3.org.br para te apoiar.
Autor:
Cleber Voelzke, Conselheiro Consultivo Certificado da ABC³