A tecnologia da informação (TI) e o ESG dimensões ambiental, social e de governança tem mais em comum do que se pensa à primeira vista e podem, se bem organizadas, criar um ciclo virtuoso para as organizações varejistas.

Os pilares da TI são aceleradores para a implementação de ações relacionadas às dimensões do ESG, e seus líderes podem atuar de forma proativa nas discussões sobre esse tema estratégico, apontando potenciais soluções. Não existem fórmulas milagrosas para resolver problemas complexos, mas iremos citar situações a seguir como forma de ilustrar as possibilidades.

O que se pretende é trazer para o foco as oportunidades e os benefícios que as empresas já estão obtendo, ou ainda poderão conseguir, quando se discute o ESG em conjunto com a pauta de TI.

Os pilares do ESG têm cada vez mais importância. Alguns pontos a serem considerados em cadaum deles:

Ambiental:

A questão ambiental, que inclui medidas para reduzir a pegada de carbono e minimizar os impactos ambientais das atividades empresariais. Os sistemas contribuem na gestão adequada de coleta, monitoramento e a análise de dados sobre o consumo de energia, a emissão de gases de efeito estufa e outros indicadores ambientais relevantes.

• Gerenciamento de resíduos sólidos e reciclagem;

• Redução no uso de recursos naturais, como água e energia;

• Adoção de práticas sustentáveis em toda a cadeia de suprimentos;

• Investimento em fontes de energia limpa e renovável;

• Implementação de práticas de transporte sustentável;

• Desenvolvimento de embalagens sustentáveis e soluções de redução de resíduos.

Social:

Envolve a promoção da diversidade e inclusão, a proteção dos direitos humanos e a adoção de práticas éticas no relacionamento com os stakeholders. Nesse sentido, a TI pode ajudar as empresas a promover a diversidade e inclusão, por exemplo, por meio de sistemas de recrutamento e seleção que evitem a discriminação e permitam a identificação de talentos diversos. Além disso, a tecnologia pode ser usada para monitorar e avaliar o desempenho dos fornecedores em relação aos direitos humanos e práticas éticas.

• Respeito aos direitos humanos e trabalhistas;

• Diversidade e inclusão no ambiente de trabalho;

• Adoção de políticas de igualdade de gênero, raça, orientação sexual, entre outros;

• Investimento em treinamento e desenvolvimento de colaboradores;

• Fomento à iniciativas de responsabilidade social e filantropia;

• Segurança e saúde do trabalhador;

• Satisfação do cliente e experiência do usuário.

Governança:

A governança no varejo envolve a definição de processos e práticas que garantam a transparência, a ética e a responsabilidade social e ambiental da empresa. Para alcançar esses objetivos, é preciso ter uma estrutura organizacional clara e bem definida, com papéis e responsabilidades bem definidos.

• Transparência nas operações e divulgação de informações relevantes ao mercado;

• Ética e integridade nos negócios e relacionamentos com stakeholders;

• Adoção de políticas de compliance e prevenção de corrupção;

• Gestão de riscos e conflitos de interesse;

• Adoção de práticas de governança corporativa adequadas, como conselho de administração independente e estrutura de remuneração equilibrada;

• Compromisso com a conformidade regulatória e normas de mercado.

Então por onde começar? Quais são as escolhas a serem feitas?

Um primeiro passo é entender as necessidades da jornada ESG. Análise de cenários futuros, entendendo as tendências futuras, tanto dos negócios como de tecnologias. Estabelecer um planejamento considerando as principais tendências e os resultados definidos para o crescimento e sustentação do negócio. Estes são passos importantes a serem muito bem construídos com todos os stakeholders.

Não é uma tarefa simples, são múltiplas dimensões a serem consideradas simultaneamente e que se auto influenciam. Pode-se mencionar a compreensão dos objetivos e da cultura da empresa, a dinâmica do poder entre as pessoas, modelos de decisão e a situação geral da empresa.

Quando se pensa em ESG, deve-se discutir sobre políticas de longo prazo e que exigem uma reflexão profundas em todo o modelo de negócio da organização, seus valores e crenças. Com certeza exigirá muito da governança e da gestão da empresa, mas trará benefícios duradouros.

A adoção de práticas de governança corporativa é um dos aspectos do ESG que se refere ao conjunto de medidas e políticas que as empresas podem adotar para garantir uma gestão mais ética e transparente.

A TI é responsável por soluções nas empresas que podem fazer toda a diferença para a visão ESG:

  1. Para o Meio Ambiente: sistemas que avaliam os processos de fabricação em busca da otimização de materiais, do consumo energético e de água potável, ou ainda que gerenciam a emissão de gases e pegada de carbono (EPM).
  2. Para o Social: soluções que gerenciam a cadeia produtiva (Ciclo de Vida do Produto – PLM) e que certificam os fornecedores, inclusive as relações com seus empregados, monitorando questões sociais de extrema relevância, como a possível existência de trabalho análogo à escravidão ou sistemas que gerenciam programas sociais das comunidades em torno das operações ou soluções para a geração dos relatórios legais (GRI)
  3. Para a Governança: Sistemas que regulam e gerenciam os processos de gestão da empresa como um todo (ERP), garantindo rastreabilidade dos processos, compliance, gestão de fraudes, gestão da segurança e comunicação, gestão dos perfis de acesso, bem como infraestrutura e segurança para controlar e gerir o acesso às informações estratégicas, a disponibilização de sistemas para o trabalho remoto, além do controle sobre dispositivos móveis.

As pessoas e as organizações estão conectadas de algum modo aos sistemas, por exemplo: quando compramos e pagamos, via pix, acessamos as redes sociais, nas trocas de mensagens com a família e amigos ou mesmo a trabalho. Podemos não perceber, mas a tecnologia está por trás das lojas, mercados e e-commerce não deixarem faltar os produtos que desejamos ou necessitamos.

A capacidade da TI de gerar dados, informações e indicadores de desempenho está diretamente conectada ao desempenho que as organizações precisam para atingir suas metas ambientais, sociais e de governança, e, por conseguinte, gerar resultados sustentáveis no tempo.

O movimento ESG impulsionará novas soluções tecnológicas de TI, o que provocará um ciclo virtuoso. Assim, a agenda ESG nas organizações terá sucesso.

Para isso, os profissionais de TI deverão conhecer em profundidade as necessidades advindas das demandas do ESG, e serem capazes de oferecer soluções diferenciadas para acelerar esta jornada.

Com certeza todas as organizações, independentemente do segmento que atuam, podem e devem ter a sua jornada ESG e contar com o uso intensivo da tecnologia.

Artigo escrito por Eneas N Rodrigues e José Antonio Furtado.