Já passava das 9 horas e ainda me sentia trêmula por saber que em instantes teria uma oportunidade única na carreira, na verdade, da minha vida toda.
Para me acalmar e deixar o tempo passar, pois minha reunião seria às 10 horas, e por sorte daqueles dias em que tudo dá certo, já estava em local agendado, peguei uma revista deixada na mesa lateral com alguns outros exemplares da Times, Forbes e de outros de Investimentos. Folheando, com intervalo longo para passar os olhos nas matérias, encontrei algumas dicas de livros e dois títulos prenderam minha atenção: O Investidor Inteligente, de Benjamin Graham e O Efeito Bola de Neve, de Alice Schroeder.
Talvez não só os títulos me interessaram, mas por saber um pouco da relação do autor de um e do biografado do outro.
Benjamin Grahan (1894 – 1976) é um dos maiores investidores de todos os tempos. Inglês, chegou muito jovem aos Estados Unidos e sua infância e juventude foram de escassez, principalmente com a morte do pai, o provedor do lar. Sua garra e determinação foram compensadas nos estudos e se formou com honrarias e brilhantismo em economia. Sua grande atitude de buscar oportunidades sobressaiu à habilidade de ensinar, deixando de ocupar o cargo de Professor da Universidade de Columbia para atuar em Wall Street. Sua arte mesmo era investir.
Com tamanha lucidez, logo expôs ao mundo suas percepções, sendo a mais usada e referenciada, a Teoria Fundamentalista, de como classificar empresas e negócios saudáveis para investir.
O “Checklist” ou critérios de Benjamin Graham para escolher as ações das melhores empresas para investir se baseiam no estudo detalhado de seu fluxo de caixa e de ativos, além do comportamento do negócio através do tempo e em seu mercado:
- 1. Empresas líderes de mercado em seus setores;
- 2. Alto grau de independência financeira: índice de liquidez corrente de no mínimo 2 e dívida de longo prazo menor que o capital de giro;
- 3. Dividendos constantes: histórico de pagamento de dividendos por 1 década ou mais;
- 4. Lucro crescente: pelo menos crescimento de 33% nos últimos 10 anos (calculado através da média dos 3 anos do começo e dos 3 anos do fim deste período);
- 5. Índice Preço-Lucro (P/Earnings) moderado: P/L máximo de 15, considerando o preço atual da ação dividido pelo lucro médio dos últimos 3 anos;
- 6. Índice Preço/Patrimônio (P/Equity) moderado: inferior a 150%. (*)
Por fim, ele sugere que o investidor deve apostar em boas empresas que estejam com preços momentaneamente abaixo daquilo que seria considerado o preço “justo”, mantendo uma cesta de até 30 tipos de ações e empresas no radar.
Warren Buffett talvez dispense apresentações: é o maior investidor da história, e seguidor das teorias de Benjamim Graham. Seu mestre, como comenta. Um fato interessante, além de todos os descritos em sua biografia autorizada, é sua afabilidade e boas conversas, que resultam de um encontro de trabalho a uma boa amizade para sempre.” (**)
10h. – Por favor, Dra. Adriana, já pode entrar, ele te espera na sala da presidência. A secretária, me dizia, me conduzindo a uma porta ampla do lado esquerdo da sala.
Assim que entrei, estava ele rascunhando um papel sobre sua grande mesa e com um olhar suave me fitou, se levantou e me ofereceu assento:
– Dra. Adriana, é um prazer te conhecer e saber que veio de tão longe para me fazer perguntas sobre investimentos. O que possivelmente já tenha revelado alguns segredos em tantas entrevistas e livros. Mas, o que quer me perguntar?
– Sr. Buffett, o prazer é todo meu. Compreendo que tenha revelado algumas dicas sim. E não sou uma estudiosa contumaz da matéria, mas agora sou Conselheira Consultiva, associada da ABC³, e vou exercer um papel importante apoiando empresas brasileiras, principalmente as de pequeno e médio portes e de origem familiar a estabelecerem metas audaciosas e melhorarem seu rating.
E vim perguntar, por que pessoas como o Sr. investiriam em negócios dos meus clientes? Como captar bons investidores e como aplicar de forma adequada os lucros das empresas? Como captar recursos no mercado de capitais e manter seus números atraentes?
E me respondeu: – Dra. Adriana, a primeira opção das empresas clientes é contratar Conselheiros Consultivos com esta sua percepção de mercado e de oportunidades. Que sabem perguntar e falar com pessoas que entendem do assunto! Eu sou um entusiasta da boa gestão, da governança e de pessoas íntegras trabalhando em projetos com responsabilidade empresarial, social, ambiental e com sustentabilidade.
“Eu sugiro que sempre siga os clássicos e as boas teorias. As pequenas e médias empresas, e, principalmente as familiares, exigem serenidade e respeito ao seu capital. Eu sigo meu mestre.
Meu professor Benjamim estava certo com sua Teoria Fundamentalista. Não só o sigo, como compartilho suas ideias com os meus melhores parceiros e amigos. São dois fatos importantes para você ser uma boa conselheira: Esteja segura dos dados reais e visite as operações. Ande pelas plantas e fale com os funcionários e acionistas. Abra um sorriso ao falar com todos, e saiba porque eles trabalham ali e, principalmente, se todos comprariam o que produzem e levariam para suas casas. Por mais lucro que a empresa esteja dando, ela precisa ser longeva e íntegra. Ninguém investe em algo em que os próprios donos e trabalhadores não confiam… Por isso, tomo Coca-Cola todos os dias.”
De repente, acordei. Era manhã… o dia seria longo, e com algumas reuniões importantes, mas estava pronta… e com os conselhos certos!
Acesse o site www.abc3.org.br e siga as novidades nas redes sociais.
Autora:
Dra. Adriana Abud é Médica Ouvidora e Conselheira Consultiva Certificada ConCertif ®N1 pela CelintBra®. Associada desde 2020 e Membro do Board como Diretora, Facilitadora do Comitê Temático de Estratégia e Marketing e Secretária da Diretoria da Associação Brasileira de Conselheiros Consultivos, na Gestão 2021/2022.