O Mini Fórum de Transformação Digital, idealizado e gerenciado pelo CTEC, contou com os associados e debatedores Jefferson Fonseca, Eduardo Gallo, Gustavo Vieira, Hermenegildo Cavalcanti e, como moderador, José Parolin. Vários associados participaram como ouvintes e puderam ter suas dúvidas respondidas ao final. Foi uma hora e trinta minutos de um debate de altíssimo nível onde os participantes se beneficiaram da grande experiência dos debatedores. Realizamos um resumo com os principais pontos trazidos pelo moderador aos debatedores: 

1. O que é Transformação Digital? Como defini-la? 

A palavra-chave aqui é Transformação: Transformação habilitada pelo Digital. Qual é o objetivo de negócio que precisa ser transformado? A partir desta reflexão existem uma série de atividades que estão interligadas e precisam ser discutidas e trabalhadas como cultura, inovação, qual o valor percebido pelo cliente, visão holística da transformação etc.  Como toda mudança o elemento humano precisa ser levado em consideração em todas as fases de um projeto de transformação digital, seja interno ou externo a empresa. Algumas frases para reflexão durante o debate: 

“Cada empresa é diferente, cada uma tem o seu desafio, o seu tempo” 

“Tecnologia é meio e não fim” 

“A transformação é sobre pessoas e como elas são impactadas” 

“Vivemos em um mundo digital, não é uma escolha não participar” 

“A transformação tem que levar valor para o cliente” 

“Não é um programa da área de T.I., a empresa tem que “abraçar” a iniciativa” .

2. Qual o papel do conselheiro na Transformação Digital? 

Da mesma forma que o Conselho participa da estratégia, é importante o envolvimento no programa de transformação digital. O conselheiro tem que ter uma visão holística (360º) e levar em consideração todos os stakeholders para haver uma governança eficaz na Transformação Digital. Esta transformação exige uma mentalidade diferente, ou seja, as pessoas precisam pensar de maneira digital. Isto requer aprendizagem, mudança de cultura, flexibilidade, permitir a experimentação, inovação etc. A mudança de cultura exige uma liderança forte e o engajamento do Conselho é fundamental para o sucesso da iniciativa. Algumas frases para reflexão durante o debate: 

“As empresas têm hoje anticorpos contra a inovação” 

“Algumas empresas estão separando o digital do negócio tradicional por dificuldade de mudar a cultura” 

“Temos que fazer a Transformação Digital com o avião voando” 

“O fato de que eu me digitalizei não significa que eu estou entregando um valor maior para meu cliente” 

“Estamos falando de ferramentas, mas as vezes o que você precisa transformar são processos” 

“Ouvir os clientes: se o Steve Jobs ouvisse os clientes não teríamos o Iphone hoje”  

“É preciso ouvir os clientes de maneira mais assertiva, falamos em modernidade, porém estamos usando ferramentas de pesquisa de satisfação de 20 anos atras” 

“O papel do conselho é fundamental nessas discussões, pois ele está mirando o futuro e não o dia a dia da empresa” 

“Nem sempre a digitalização é boa, as vezes é uma tragedia!”.

3. Por onde começar a Transformação Digital? 

Primeiro entendendo muito bem qual o propósito da empresa. A partir daí alinhar a cultura para que ela permita que a inovação aconteça e ajudar a mudar mindset das pessoas que compõem o quadro de colaboradores da empresa. Uma pergunta importante a fazer é que tipo de experiência estamos entregando para nossos clientes? Como uma transformação adicionaria valor aos clientes? É consenso que Transformação é a palavra-chave, então devemos definir o objetivo desta Transformação. O Digital vem depois, é o meio para o objetivo que definimos. Algumas frases para reflexão durante o debate: 

Jeff Bezos tem claro seu propósito e a Amazon é uma empresa reconhecida como dedicada a satisfazer as necessidades dos seus clientes” 

“A Amazon nunca fez pesquisa de satisfação com seus clientes” 

“Nem sempre a digitalização é boa, pois pode criar uma experiência ruim ao cliente” 

“O Conselho tem que encorajar as empresas ao novo, pois existe muita resistência” 

“Mapear as ações dos clientes te permite conhecer as necessidades do cliente” 

“Em projetos de Transformação Digital é preciso ser resiliente/persistente pois a probabilidade de erro ou falha é alta” 

“Netflix é exemplo de uma empresa que nos últimos 30 anos fez transformações importantes no seu modelo de negócio”. 

4. Como os fatores externos (economia, social, geografia) afetam a Transformação Digital? 

No final do debate discutimos se os fatores externos têm alguma influência sobre a Transformação Digital. É claro que eles não podem ser totalmente descartados, porém o ambiente é tão volátil hoje que o mais importante é focar no seu propósito, nos seus objetivos. Se você sabe o que quer ficar mais fácil planejar seu futuro. Porém, como todo projeto, deve ser planejado e estar preparado para as surpresas no meio do caminho. Uma maneira de lidar com isso é a gerência de mudanças que avalia os riscos potenciais e prepara ações de mitigação para cada risco se ele ocorrer. Algumas frases para reflexão durante o debate: 

“Cada um entra na sua bolha” 

“Ser fiel ao seu proposito” 

“Falamos muito dos processos e tecnologia e as vezes esquecemos dos colaboradores”  

“O papel do Conselho é não permitir que uma empresa que esteja fazendo Transformação Digital use-a para demitir seus colaboradores, mas ao contrário, os prepare para a mudança.” 

“É importante que o Conselho tenha uma visão de longo prazo para a Transformação acontecer” 

“As melhores ideias geralmente vêm das pessoas que estão atuando no dia a dia”  

“Visão de curto prazo visa reduzir custos e pessoas. Isto é totalmente contra o investimento na Transformação Digital” 

“O Conselho deve estar envolvido com os objetivos da Transformação Digital e prezar pelos colaboradores, ou seja, como mantê-los atualizados e inseridos no programa. “ 

“A Transformação Digital é uma jornada sem fim, pois conforme a tecnologia evolui ela habilita novos modelos de negócio. É como um processo de autoconhecimento que à medida que você se desenvolve vai se modificando ao longo da vida” 

“Um exemplo é o banco americano Capital One que se digitalizou completamente e fez um trabalho forte de reskilling e upskilling com seus colaboradores” 

“Quem lidera a Transformação Digital deve ser o principal executivo da empresa”.

Autor:

José Parolin é associado ABC³ e Conselheiro consultivo certificado pelo Concertif, membro da diretoria da Cargill Brasil, membro do leadership team de Tecnologia e Inovação da Cargill Inc, CIO América Latina (Cargill Inc.) (Minneapolis, EUA), Global Leader de sistemas com equipe em vários países (Cargill Inc.), Global CIO para o grupo Marfrig (São Paulo, Brasil), CIO North América (H.J.Heinz) (Pittsburgh, EUA), Diretor global de Contas na Softtek (Chicago, EUA), Business coach certificado pela ActionCoach, People coach certificado pela Engage&Grow e Executive Coach de empresas de Tecnologia. Liderou equipes multiculturais e multidisciplinares além de ter experiencia de mais de 10 anos nos Estados Unidos e América Latina. 

Formado em Administração de Empresas na FGV (Fundação Getúlio Vargas), Executive MBA na BSP (Business School São Paulo) com extensão na Universidade de Toronto, Canadá e hoje Professor convidado da FIA – MBA de gestão de Tecnologia.