Empreendedores e diretores usualmente estão envolvidos no desenvolvimento de uma organização e se deparam com desafios, na gestão, no posicionamento do mercado ou na estratégia financeira, e tendem a não olhar sua empresa como investimento. O conselho consultivo pode ser o diferencial para tornar a organização mais competitiva e sustentável.

A atuação do conselho consultivo traz conhecimentos das mais diversas áreas, incluindo aquelas que os empreendedores não conseguem cobrir. É justamente esta diversidade de experiências que torna o conselho tão valioso para uma organização – seja ela uma pequena, média ou grande empresa.

Ao contrário do conselho deliberativo, que assume as responsabilidades das decisões de uma organização, o conselho consultivo tem o objetivo de atuar como mentor técnico, apoiando os decisores com recomendações e pareceres especializados.

Continue a leitura para saber mais sobre as funções do conselho consultivo, quando e como criar este órgão colegiado na sua empresa.

O que faz um conselho consultivo

O conselho consultivo integra o sistema de Governança Corporativa, que está atenta ao bom funcionamento de uma empresa, para atingir seus objetivos estratégicos gerando bem estar aos seus investidores, funcionários e seu entorno, de forma sustentável.

De forma pragmática, um conselho consultivo é um grupo formado por profissionais, internos e externos à organização, de diferentes especialidades, responsáveis por aconselhar a gestão sobre questões estratégicas e o monitoramento da empresa.

Seu ponto forte é justamente a diversidade de conhecimento que reúne, porque diferentes fatores estão relacionados ao sucesso (e problemas) de uma empresa. Assim, quanto mais vasta e especializada a experiência dos conselheiros, mais ricas serão suas orientações.

No entanto, para cumprir esse objetivo, todos os integrantes devem estar alinhados para emitir recomendações coesas e complementares.

Portanto, é essencial que os empreendedores definam muito bem quais as expectativas com o conselho consultivo. Porque se por um lado o conselho consultivo não toma decisões, por outro suas orientações as fundamentam

Neste sentido, o papel dos conselheiros consultivos inclui:

  • analisar a situação do mercado apresentada pela gestão;
  • opinar sobre tendências no ramo de atuação;
  • monitorar a empresa e sua gestão e
  • auxiliar diretores nas tomadas de decisão.

Onde pode atuar um conselho

O conselho pode atuar tanto em pequenas empresas como em grandes companhias, passando por cooperativas e empresas familiares.

As áreas de análise e deliberação podem permear:

  • Planejamento Estratégico;
  • Planejamento Orçamentário e Financeiro;
  • Definições de investimentos;
  • Alterações societárias, liquidez e sucessão.

A definição sobre a atuação do conselho consultivo deve estar bem estabelecida e descrita no regimento do órgão, como veremos mais à frente.

Quando buscar um conselho consultivo

Empresas podem se beneficiar de um conselho consultivo quando enfrentam os seguintes desafios:

  • dificuldade para atingir objetivos estratégicos;
  • reposicionamento de mercado;
  • conflito entre decisores;
  • crescimento no porte da organização;
  • proximidade de momento sucessório;
  • desejo de liquidez por um ou mais sócios e
  • dificuldades em obter linhas adequadas de financiamento.

Entre os benefícios de implementar um conselho consultivo, podemos elencar:

  • melhoria na qualidade das decisões tomadas;
  • mais segurança aos sócios/acionistas e
  • estratégias mais consolidadas.

Por isso, a diversidade de conhecimento é tão importante para a formação do conselho consultivo, uma vez que ele será responsável por analisar e emitir orientações sobre questões complexas e fundamentais para a sustentabilidade da organização.

No entanto, não é apenas a pluralidade de perspectivas que deve ser considerada ao criar o conselho consultivo de uma organização. A seguir apresentamos critérios para criação do órgão colegiado e como definir sua composição.

Como montar um conselho na sua empresa

Para começar, é preciso definir quantos conselheiros vão compor o órgão. O recomendado é uma composição em número ímpar de membros, para não haver empate em votações disputadas. É possível começar com três conselheiros, para pequenas empresas, idealmente com a maioria deles externa à sociedade.

A definição sobre a abrangência de atuação do conselho consultivo deve ser formalizada na constituição do órgão, em um trabalho conjunto entre sócios e/ou diretores. O regimento do conselho consultivo deve constar:

  • competências do conselho;
  • definição sobre reuniões e cronogramas;
  • descrição sobre documentos que devem ser produzidos – atas, pareceres etc.;
  • períodos de mandato;
  • critérios para eleição dos membros e
  • definições legais, tais como sigilo e conflito de interesse.

Para ser mais assertiva, a empresa pode investir em uma consultoria em governança corporativa que será responsável pelo diagnóstico e pela implementação do conselho, mesmo que a empresa já tenha um conselho estabelecido.

Como definir os conselheiros

O conselho pode ser formado por convidados ou integrantes da organização, e/ou por conselheiros profissionais, recrutados para trazerem uma experiência especializada ao aconselhamento corporativo. Em todo caso, eles devem atuar atentos à visão, missão e valores da empresa, equilibrando-os com os objetivos estratégicos e se reportando aos sócios e/ou acionistas.

Confira alguns critérios fundamentais que devem ser considerados para a definição dos conselheiros.

1. Defina os conhecimentos essenciais

Nem toda organização precisa de deliberações de marketing, por exemplo. Outras empresas podem estar em um estágio em que o conhecimento de internacionalização é fundamental para o planejamento estratégico.

Assim, a clareza sobre o que se espera de um conselho consultivo é essencial para definição dos conselheiros.

A validação com sócios, diretores e gestores sobre os objetivos principais da empresa pode ser o ponto inicial para desenhar o perfil de quais especialistas convidar para compor o conselho, ainda que este plano estratégico deva ser reavaliado pelo conselho uma vez implantado ou atualizado.

2. Escolha especialistas

Os conselheiros podem ser vistos como mentores, por isso, quanto mais conhecimento sobre sua área, mais profícua sua participação.

3. Explore o networking

A escolha de membros pode ser benéfica para o currículo dos conselheiros, assim como pode fortalecer a relação da sua empresa com as redes dos membros.  Aproveite a oportunidade para fortalecer a visibilidade diante do mercado. Evite a contratação de conselheiros por afinidade ou por amizade. Não se trata de uma reunião de amigos, mas de decisões que impactarão o futuro da sociedade empresarial.

4. Considere a diversidade

Como temos falado ao longo deste artigo, a diversidade de expertises enriquece as deliberações do conselho: reúna profissionais de diferentes áreas, gênero, etnias, idade etc.

5. Considere o conflito de interesses

Os conselheiros devem agir com independência. Ou seja, não é recomendado que eles:

  • sejam acionistas ou tenham investimentos na empresa;
  • mantenha relacionamento pessoal ou familiar com diretores/sócios;
  • ofereçam produto/serviço decisivo para o sucesso da empresa;
  • sejam clientes relevantes da empresa.

O objetivo é manter a idoneidade nas decisões do conselho.

Você ainda tem alguma dúvida sobre a implementação de um conselho consultivo? Entre em contato conosco, a ABC³ é formada por Conselheiros Consultivos Certificados com foco em fortalecer pequenas e médias empresas a partir da Governança Corporativa.